Por Antonio Renato - Professor de História.
Mais a frente, explicarei os motivos desse título. Mas inicialmente queria dizer que o mais novo componente na greve dos trabalhadores em educação do Estado, que, aliás, não é tão novo assim, é a ameaça por parte do governo, através do seu chefe da casa civil, Paulo de Tarso, reacionário-mor desse governo e terror do servidor público, do corte do ponto dos servidores em greve.
Precisamos fazer algumas reflexões sobre essa nova situação. Primeiro devemos estabelecer uma definição sobre esse instrumento que não é nenhuma novidade em se tratando de governos desse caráter, a ameaça, o terrorismo, na forma do “corte do ponto”. Ademais é importante esclarecer que ponto cortado ou coisa parecida deve ser aplicado sim quando um servidor não comparece ao seu local de trabalho sem a apresentação de um motivo. Numa situação dessas, trata-se de uma medida administrativa. Não é o caso dos trabalhadores em educação do RN; primeiro que não é uma ou duas pessoas; trata-se de uma greve, um instrumento de defesa da classe trabalhadora, uma iniciativa coletiva, mais do que isso, um direito constitucional, de toda uma categoria, ou pelo menos de uma grande parte dela. Os trabalhadores em educação do RN estão de braços cruzados, não estão comparecendo aos seus locais de trabalho, simplesmente por que querem. Muito pelo contrario. É desejo de todos nós termos essa situação normalizada e construir um plano de reposição das aulas. O verdadeiro motivo da greve já é de conhecimento de toda sociedade potiguar e da nossa cidade em particular. Alguém pode até não concordar, é um direito. Estamos lutando pela aplicação de uma lei, ou seja, uma lei que já existe desde 2008 e que foi ratificada pelo STF, que não é o caso aqui de nos aprofundarmos nela. Outra coisa. O governo sequer pediu a ilegalidade da greve. Agora, por que o governo assim procede? Por que, como já frisei,...
a greve é simplesmente pelo cumprimento de uma lei; nesse caso o governo não tem motivo para alegar, no caso de pedir sua ilegalidade.
Na verdade o que ocorre, é que a Drª Rosalba e seus asseclas querem colocar em prática o esporte preferido dessa gente, que é a aversão ao serviço público, o tratamento a base do “porrete”; é uma espécie de Big StiK, sem precisar falar manso. No pensamento dessa turma, nada de negociação, nada de conversa e concessões e sim a truculência e o desdém. Se assim não fosse, o governo olharia com mais atenção a contraproposta apresentada pelo Sindicato (SINTE) na semana passada e que foi entregue ao presidente da assembléia legislativa, que se dispôs a servir de mediador entre as partes; contraproposta essa que já faz concessões, como por exemplo, o parcelamento para chegar ao valor do piso salarial a partir de Julho; ou seja o que o governo quer é vencer pela força. Quer fazer valer a lei da selva. Deveriam saber que segundo a classificação de Morgam a humanidade há muito vive o estágio da civilização.
Na antiguidade, antes de cristo, um rei/general se notabilizou por conseguir vitorias a altos custos, que chegavam a dizimar parcelas significativas de seu exército; e essas vitorias, afinal, acabaram se revelando por demais dispendiosas, levando posteriormente o general a derrota. Esse general se chamava Pirro, e a partir daí surgiu à expressão “vitoria de Pirro”, justamente para designar uma vitoria conseguida a um custo altíssimo, que no final das contas equivale, na verdade a uma derrota.
Nos dias atuais, em terras potiguares, temos não um general, e também certamente ela não vai entrar para a história, a não ser pelo lado negativo, a governadora do nosso “desafortunado” Estado querendo nos seus poucos meses de governo (melhor seria dizer desgoverno) repetir a trajetória do famoso general. Provavelmente nessa guerra, como ela faz questão de tratar, não vamos contabilizar vidas perdidas, mas certamente vamos constatar na prática a morte da educação no RN. Digo isso por que não se consegue nada “dobrando” as pessoas (talvez sirva pra inflar o ego da governadora); no caso da “força” prevalecer, o resultado prático, real, se dará na forma de frustração, desmotivação, cada vez mais acentuada e presente no cotidiano das escolas. Caso isso venha a acontecer (Deus nos livre), será uma verdadeira “vitória de Pirro”.
Um verdadeiro governante, portanto líder de um povo consolida sua condição na medida em que demonstra a capacidade de convergir às diferenças, que se desarma da sua arrogância e cria condições para o diálogo. Infelizmente, não é o caso desse que aí está. Dona Rosalba inseriu no seu governo características justamente inversas. Ressuscitou figuras sinistras como o tal Paulo de Tarso, sem falar naquela criatura fantasmagórica que é do conhecimento de todos (inclusive dos aliados), comandou, nos bastidores, seus três governo em Mossoró e comanda o atual, seu esposo, Carlos Augusto, conhecido no mundo político como o “Ravengar”. Em vez do diálogo, a indiferença; no lugar de concessões, a ameaça declarada. Todos esses componentes, além claros da própria vida política pregressa da governadora, somada a sua concepção ideológica do Estado mínimo, da contenção dos gastos públicos, cujo modelo a ser imitado é o do ex-governador mineiro Aécio Neves, revestiu esse governo de um vezo ainda mais conservador, o que para alguns não constitui novidade nenhuma.
A governadora foi eleita pela maioria da gente humilde do nosso Estado, que nela depositou a confiança e os votos necessários e bem intencionados. Não cabe mais aqui, nesse pequeno espaço, questionar o mérito da sua eleição. A História é construída e ponto. Que bom seria se pudéssemos desfazer, por exemplo, o nosso passado de colônia de exploração. Mas não é assim que as coisas funcionam. Estaríamos nos distanciando do “fazer ciência”; e até por que as ditas forças progressistas do Estado, à esquerda enfim, tem tido muita dificuldade de criar uma alternativa popular no RN e nesse sentido, de certa forma, também essas forças políticas são responsáveis por essa situação. Contudo, diante desses seis primeiros meses de governo, coisas improváveis há algum tempo atrás tem acontecido, como o fato da governadora ter sido vaiada no seu “quintal” político e eleitoral. Isso só demonstra o nível de insatisfação, de revolta da sociedade com esse governo, mesmo diante da publicidade farta e mentirosa paga com dinheiro nosso (pra isso ela tem recursos de sobra); situação, diga-se de passagem, construída por ela mesma e sua turma, que a cada dia revela com que intento e para quem governa o nosso Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário