terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dona Santinha e seus milagres.



Era uma vez, a viúva dona Santinha, dona Santinha morava numa casa pequena e recebia uma pensão menor ainda, esta era toda herança do finado Evaristo. A viúva passava os dias entre a casa e a igreja. Não que fosse muito religiosa, mas acreditava em milagres. Na verdade, ela acreditava mesmo em troca de favores. Só para vocês terem uma idéia, num belo dia, dona Santinha achou que poderia levar vantagem fazendo trocas com seus santos milagrosos. Mesmo com sua fé meio atrapalhada, ela cumpria rigorosamente as promessas feitas. Certa vez, fez uma promessa para ganhar no jogo do bicho e não deu outra, ganhou e resolveu cumprir o que prometera a risca: foi a pé, até a igreja de São Judas Tadeu, no Jabaquara. E lá se foram uns bons quilômetros, duas semanas de pés inchado, remédios pros calos e meia-sola nos sapatos, com isso, foi-se também todo o dinheiro do bicho.
Mas hoje, dona Santinha está animada. Desta vez a troca vai ser boa. Entra na sua igreja, vai ao primeiro santo, dá-lhe uma rezadinha e logo propõe:
- Se dobrares o dinheiro que eu tenho nesta bolsa, deixo na tua caixinha de esmolas R$ 50,00.
E assim foi feito, o santo dobrou e ela – muito cumpridora de promessa – deixou na caixinha do santo, R$ 50,00.
Imediatamente, dona Santinha corre para o próximo santo e faz-lhe a mesma proposta e o santo não perdeu tempo - afinal santo é muito ocupado – e dobrou seu dinheiro. Mais uma vez dona santinha cumpriu o que prometera e deixou R$ 50,00 na caixinha deste santo.
Pela terceira vez, dona Santinha correu para o terceiro santo e fez a mesma proposta e o santo assim como os outros, dobrou seu dinheiro, dona Santinha abriu a bolsa, tirou os R$ 50,00 e cumpriu o prometido.
Após todas essas promessas, dona Santinha sai da igreja feliz da vida por ter ganhado muito dinheiro, abriu a bolsa e nada, Dona Santinha percebeu que ela estava vazia.
Dona Santinha percebendo isso, pensou:
- É, eu preciso ter umas aulas de matemática antes de vir conversar com esses santos!
Agora pensem um pouco e respondam:
Se dona Santinha terminou sem nenhum tostão, quanto ela tinha ao entrar na igreja?

Bibliografia:
Matemática 7º ano - Conceitos e Histórias - Neto, Scipione di Pierro Neto - Editora Scipione
Prof. Ronaldo Josino

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Coqueiros



No começo, quando Grossos era conhecido por ilha de Grossos, este setor era conhecido como coqueiral. Algumas pessoas que chegavam na cidade já tinham como referencia os coqueirais ou como era conhecido os coqueiral, diziam que iam morar ou moravam no coqueiral. Mas logo o nome coqueiral foi substituído por Coqueiros e logo depois ficou Bairro coqueiro. As pessoas que chegavam para fazer suas barracas derrubavam os coqueiros, comiam seus frutos e usavam a madeira como suporte das próprias barracas, que logo depois eram substituídos por grandes carnaúbas na construção de casas de taipas.

Portanto, o nome coqueiros se deu naturalmente por esta região apresentar muitos coqueiros, planta da família das palmeiras, esta tem como fruto o coco. O valor nutritivo do coco varia de acordo com seu estado de maturação, apresentando de maneira geral bom teor de sais minerais (Potássio, Sódio, Fósforo e Cloro), e fibras, importantes para o estímulo da atividade intestinal. O coco realça o sabor dos alimentos, sendo excelente no preparo de bebidas, pratos doces e salgados, substituindo com vantagem nozes e amêndoas nos diferentes tipos de receitas.

O coco verde possui maior quantidade de líquido que o maduro e tem polpa tenra, sendo muito apreciado como bebida, já a poupa do maduro é muito usado no preparo de cocadas e doces em geral . O coco maduro também é contra-indicado à pessoas com problema cardíaco e que tenham alta taxa de colesterol no sangue. Daí surge a velha frase que água de coco é “soro” natural. O coco seco é muito utilizado no preparo do peixe cozido, comida típica de nossa cidade.

Neste bairro tão popular de nossa cidade, já moraram Miguel Erasmo, Manoel Erasmo e dona Eliza Mendes, todos poetas imortais. Eliza Mendes era mais conhecida como Eliza de Cuca, Cuca era seu pai.

Os carnavais eram marcados pela presença marcante dos blocos: Centenários, Guarani e Beija-fror.

Neste bairro o que mais marcou, onde até hoje ainda se usa essa referencia, era o bar de seu Antonio do caldo, este nome se deu ao próprio caldo, que ele preparava para tira a ressaca do outro dia, novidade na época.

Na programação dos finais de semanas, era uma parada certa o bar do CBA, onde as pessoas se divertiam aos sons da velha vitrola a disco vinil. Porem esta só funcionava ate as 22:00 horas, pois esta era a hora que a energia era desligada em toda a cidade, sem falar na constante falta de energia diariamente, no período de inverno era um terror, bastava cair uma neblina pra logo faltar energia. Isto aconteceu por volta 70 a 1975.

Outra grande diversão e encontro de dezenas de pessoas desse bairro se davam em frente à TV pública, que ficava na praça publica José Ferreira de Albuquerque, hoje essa praça foi totalmente arborizada através do bloco Coco- Maluco, grande atração nos carnavais de nossa cidade.

Prof. Ronaldo Josino

domingo, 20 de dezembro de 2009

A boneca




- Pai!
- Oi filhão, e ai, o que ta pegando?
- Quando o senhor receber dinheiro compre uma boneca pra eu!
- Você quis dizer um boneco, né?
- Não pai, uma boneca mesmo.
Meu filho disse aquilo saiu para o quarto e eu fiquei ali, na sala, encucado, pensando em todas as interpretações daquele pedido.
Será que meu filho... ? Não, não, nem pensar. No mínimo deve ser pra dar de presente a alguma namoradinha! Ou quem sabe um presente a alguma aniversariante de sua sala de aula! É, meu filho, não! Só tem essa explicação, é presente.
Fui dormir, mas naquela noite demorei adormecer, aquele pedido não mim saia da cabeça. Será que meu filho esta querendo brincar de boneca? Logo o meu filho? Não, definitivamente não. Era presente, tem que ser presente. Tenho certeza.
Bem sedo fui trabalhar, no trabalho esqueci completamente o que meu filho pedira na noite anterior e ao meio dia, ao voltar do trabalho, passo em frente a uma loja de brinquedos, então algo mim chama a atenção e imediatamente lembro do meu filho, não sei o que mim chamou a atenção, porem paro e entro, vejo o boneco do Super – men, do Batman, dos X-men e outros, pesquiso os preços. Fico olhando para a prateleira. O super e o batman ele já tem, o Wolverine não, é isso, vou levar o Wolverine, ta na moda, o Wolverine ele vai adorar.
Saio da loja com uma caixa muito bem embrulhada em papel de presente com desenhos dos X – men e dou uma última olhada para traz e mim arrepio, vejo na vitrine o que mim chamou a atenção, uma grande boneca de cabelos grandes e olhos azuis.
- Aí filhão, olha só o que comprei!
- Ah, obrigado pai, valeu.
Desembrulha o pacote e...
- E minha boneca? Porque não comprou?
Fiquei pasmo ali na sala olhando pra ele procurando uma resposta e ...
- Não tinha bonecas, só tinha bonecos.
Decepcionado vi ele sair mas decepcionado ainda com o Wolverine.
Foi só o que pude responder naquele momento. Minha cabeça estava girando, cheia de medo de encarar a verdade, procurava de todas as formas uma solução para esse problema, imaginava várias respostas para esse comportamento inesperado de meu filho querer por querer brincar de boneca. Já pensou, logo meu filho. Meu Deus o que devo fazer?
À noite, já de volta do trabalho chego a casa mais cedo, minha mulher estranha eu invento uma desculpa qualquer e pergunto por Paulo.
- Ele ainda não chegou, foi passar à tarde na casa da amiguinha Lúcia, foram fazer uma pesquisa que a professora de sociologia pediu.
- Que bom, "amiguinha" né, sobre o quê? Espere, deixe-me adivinhar. Foi sobre namoro, cidadania, coisas assim, acertei?
- Não, mas com exceção do namoro, chegou perto.
- Então diga mulher, foi sobre o quê?
- Foi sobre o racismo que ainda existe na sociedade em relação ao homossexualismo.
Não, aquilo era demais, era muita coincidência, pensei que esse problema ia passar logo, mas parece que estar apenas começando. Sentir um frio na barriga. Fui pra sala e sentei em frente à TV, liguei-a, mas não via nem ouvia nada, minha cabeça estava zunindo, como se uma voz do além estivesse mim alertando com a palavra homossexualismo, homossexualismo, homossexualismo...
Meu Deus, meu filho esta pesquisando sobre como a sociedade trata o homossexualismo, o que vou fazer para tirá-lo desse caminho? Tem que haver uma maneira. Tenho que fazer alguma coisa antes que seja tarde demais. Mas o que farei? Parece que a coisa esta cada vez mais caminhando pra... Não, não quero nem pensar. Já sei, vou falar com um psicólogo, melhor, vou levá-lo a um psicólogo, é isso, vou levá-lo a um psicólogo.
No outro dia ligo para o trabalho e finjo está doente, digo pra o outro lado da linha;
- Vou ao médico.
Meu filho vai saindo quando eu o interrompo:
- Filhão - filhão é coisa de homem - posso te levar a escola hoje?
- Claro pai.
Saio com ele, mas em vez de ir pra escola vou ao psicólogo.
Antes de meu filho entrar eu é que entro e explico o motivo da minha visita. O psicólogo fica olhando pra mim sem dizer nada, com cara de zangado, parece ate que tem alguma coisa o incomodando, não sei o que é, mas aí eu lembro que é assim mesmo, médico de hospital público se acha o dono do mundo, quando finalmente ele fala.
- Traga o garoto!
Mando Paulo entrar.
- Por favor, senhor Edílson, deixe - nos a sós.
Sair e deixei os dois. Porém, quando o médico falou pela segunda vez, sentir que alguma coisa mim incomodou novamente, não sabia o que era, mas sentia que era a mesma sensação que mim veio lá na loja, e o pior, sentir que era algo que eu não gostava, mas logo deixei esses pensamentos para traz e pus a mim concentrar na recuperação do meu filho. Mim tranqüilizei, agora sim, ele vai sair daqui querendo brincar somente com bonecos. Preciso pensar positivo. Pensei com meus botões.
A sessão durou cerca de meia hora.
- E aí doutor, como foi, tudo bem?
- Tudo óootimo, seu filho é um verdadeiro garanhãaao!
Fiquei de boca aberta. Aquilo mim deixou arrasado, foi como uma flecha no meu coração, o psicólogo era guei, eu tentando afasta-lo de uma boneca e acabei trazendo-o para uma boneca. Pense no azar. Tantos psicólogos nesse hospital e eu fui consultar meu filho logo com esse. E agora? O que vou fazer? É, parece que o destino do meu filho esta traçado, e olha que ate a pouco eu não acreditava em destino.
No caminho do hospital pra casa não nos falamos nada, meu pensamento estava pra lá de Bagdá, não sabia mais o que fazer, acho que já estava na hora de eu encarar a verdade. Tive uma outra idéia, vou trancá-lo no quarto, passará uma semana de castigo. Não, isso também não faria bem, ele poderia se rebelar aí seria pior. Quem sabe uma conversa de homem pra homem. Também não, ele tem somente oito anos, não iria entender, alem do mais, como conversar sobre esse assunto com uma criança? Será que devo deixar o tempo passar e ver no que vai dar? Não, é muito arriscado, pois depois de grande não posso mais controlar e aí não tem mais jeito... Deus por favor, mim ajude.
À tarde fui para o trabalho, meus colegas protestaram dizendo que eu não precisava trabalhar doente, eu interpelei dizendo que já estava bom, mas não adiantou, com meu semblante cansado das noites mal dormidas, devido a este problema e, diga-se de passagem, problema sem solução, realmente parecia um doente, e o pior, doença grave. Doença que não tem cura e pior ainda, não só parecia, era real.
À noitinha volto para casa com o mesmo semblante de preocupação, no caminho passo novamente pela loja de brinquedo, olho a grande boneca de cabelos longos na vitrine e entro, sem muito pesquisar, tomo uma decisão, compro a Mulher Maravilha, é uma boneca que menino pode brincar, o balconista pede para embrulhar, eu digo que não precisa, digo que é para completar a coleção da liga da justiça, digo ainda que sou colecionador, no fundo de meus pensamentos eu completo: ah se fosse!. Saio da loja com a boneca dentro da camisa, espero que nenhum dos meus amigos veja. O que eu iria dizer a eles? Bem amigos, esta boneca é... Chega de sofrer, agora vou entregar o caso a Deus, afinal Ele sabe o que faz. Que seja da sua vontade.
- Paulo, olha o que eu comprei!
- Valeu pai, ate que enfim o senhor comprou uma boneca, agora sim, finalmente posso brincar. O super-homem e o Batman vão se duelar pra ver quem fica com a Mulher Maravilha.
Ah, então é isso.
Prof. Ronaldo Josino

sábado, 19 de dezembro de 2009

Minha primeira Vez


Ela – Va devagar, com carinho.

Ele – não se preocupe não vai doer nada.

Ela – tem certeza?

Ele – claro.

Ela – você já fez isso?

Ele – já, duas vezes.

Ela – essa é a minha primeira vez.

Ele – eu sei.

Ela – faz tempo?

Ele – o que?

Ela – tempo que você fez isso?

Ele – antes de te conhecer.

Ela – então faz dois anos.

Ele – isso.

Ela – sai muito sangue?

Ele – só um pouquinho. Está pronta?

Ela – espere, deixe-me ajeitar a posição.

Ele – pronto?

Ela – não, mas continue assim mesmo.

Ele – tenha calma, parece nervosa.

Ela – sim, estou muito nervosa.

Ele – não há motivo para tanto.

Ela – como não, você com isso pontudo na mão?

Ele – feche os olhos e respire fundo.

Ela – não, prefiro olhar.

Ele – levante um pouco a perninha.

Ela – ta bom?

Ele – ponha o pezinho aqui.

Ela – vá de vagar, por favor.

Ele – não se preocupe, você nem vai sentir.

Ela – ai, ai, devagar, ta doendo.

Ele – deixe de dengo.

Ela – ta doendo. Juro.

Ele – calma, termino já.

Ela – ai, agora doeu de verdade.

Ele – é porque furei.

Ela – tire logo isso de dentro de mim.

Ele – pronto, nem morreu viu.

Ela – saiu sangue?

Ele – só um pouquinho.

Ela – vai sarar logo?

Ele – claro.

Ela – e agora?

Ele – agora o que?

Ela – o que faço?

Ele – há, agora vá lavar-se.

Ela – obrigado, te amo muito.

Ele – pra mim foi um prazer.

Ela – tomara que minha mãe não descubra.

Ele – por quê?

Ela – ela iria mim chamar de irresponsável.

Ele – ela não precisa saber.

Ela – ah, por favor, não conte a minhas amigas!

Ele – pode deixar, se depender de mim, jamais contarei.

Ela – como isso entrou em mim.

Ele – começa com uma coceirinha.

Ela – foi mesmo, eu me lembro.

Ele – e ai quando damos conta, esta todinho dentro.

Ela – você é um cara legal. Obrigado de novo. O que faço pra não pegar mais isso?

Ele – é só não andar de pé no chão.

Ela – como é mesmo o nome desse bicho?

Ele – isso é o famoso bicho de pé.

Prof. Ronaldo Josino


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

História das Eleições

Epíteto
Quando Grossos deixou de ser dependente de Areia Branca em 1953, foi nomeado para cá, o primeiro prefeito da cidade, o senhor José Marcelino Ferreira, onde exerceu esse mandato por seis meses e por mais seis meses, o senhor Alfredo Avelino da Trindade. Nesse período, Grossos se preparou para sua primeira eleição, onde o voto era no sistema de chapas, ou seja, no papel, em que você pegava a chapa, ia para um local reservado, escrevia o nome do candidato ou o seu número, dobrava a chapinha e colocava na urna. A primeira campanha eleitoral que Grossos viveu foi entre João Rebouças e Miguel Erasmo. Foi nesta campanha que se iniciou também uma casualidade interessante, pelo fato dos candidatos serem tão aristocráticos, ganharam logo apelidos, onde dai por diante iria se repetir e marcar várias outras campanhas, esta, por exemplo, ficou conhecida como a luta entre o pescador e o poeta. No final da campanha o pescador fisgou o poeta, portanto, João Rebouças, também muito conhecido por Joãozinho, o pescador, foi o primeiro prefeito de Grossos a ser eleito pelo povo, onde governou de 54 a 59. A segunda campanha ficou marcada como a eleição das aves, aconteceu entre Raimundo Pereira e José Marcelino, ou seja, o carcará contra a avoante (popularmente chamada de avoeta), nesta, o carcará capturou a avoeta, isto é, Raimundo Pereira sagrou-se prefeito, esta foi à primeira eleição do então eleito pelo povo, Raimundo Pereira, que governou de 1960 a 1965.
A terceira eleição ocorreu entre José Maurício e José Solon, como o primeiro era de Grossos e o segundo de Areia Branca, esta campanha ficou conhecida pela luta entre o filho da terra e o forasteiro, ao término da campanha, o povo escolheu, claro, o filho da terra como seu governante, José Maurício foi eleito prefeito de Grossos, mas governou apenas dois anos e meio, ou seja de 1966 a meados de 69. José Maurício perdeu seu mandato por motivos políticos e quem assumiu foi o vereador presidente da Câmara o senhor Luciano Costa Josino, este atuou como prefeito cerca de dois meses, tempo que levou para que o governo estadual nomear-se um interventor para Grossos, que foi o senhor Cel. Luiz Gonzaga César de Paiva, este governou o município o resto do mandato.
A quarta eleição foi entre José Fausto e Chico Pereira, José Fausto tinha uma farmácia que ficava em frente a onde é hoje o Marco Zero e seu Chico Pereira, uma padaria, que ficava ali nas proximidades de Zé de Bido, onde também tinha um grande tamarindeiro em frente, hoje esta árvore não existe mais. A campanha entre estes dois ficou conhecida como a disputa entre o remédio contra o pão. No final o remédio curou o pão, ou seja, José Fausto foi o vencedor dessa eleição, portanto foi prefeito de 1970 a 1972. José Fausto governou Grossos somente durante três anos, não por motivo de cassação, mas sim, devido às eleições gerais. A quinta foi entre Antonio Amâncio e Raimundo Pereira, o primeiro conseguiu a água para Grossos e o segundo tinha as salinas, então, os eleitores apelidaram essa campanha como a batalha da natureza, ou seja, entre a água e o sal. No final da campanha o sal não resistiu, foi dissolvido pela água, ou seja, Antonio Amâncio foi eleito o prefeito dessa época, este governou Grossos de 1973 a 1976.
A sexta eleição, mais uma vez Raimundo pereira se candidata, dessa vez contra Caxica, esta campanha ficou conhecida como a briga do gato contra o rato, o interessante dessa campanha é que os apelidos foram levados tão a sério, que os candidatos davam a seus eleitores, um broxe com formato do gato ou do rato respectivamente. No fim, o gato deu uma unhada e capturou o rato, Raimundo sagrou-se vencedor e governou o município mais uma vez durante seis anos, de 1977 a 1982, esta seria a última eleição ganha por Raimundo Pereira.
Na sétima eleição, o que mais havia de interessante era que a disputa era entre dois partidos e quatro candidatos. Do lado da antiga Arena estavam os candidatos Antonio Railton e o doutor Nedilson, no lado do PMDB estavam Zé Ferreira, pai do radialista Carlo Ferreira e o saudoso Antonio Hemetério - ambos já deixaram este plano - a candidatura desses dois quase não se falava, talvez seja por isso que pouca gente se lembra destes candidatos, a disputa então ficou mesmo entre os dois primeiros candidatos. O primeiro tinha estudado no Diocesano e o segundo tinha uma barba muito grande, logo o povo apelidou esta campanha como a luta do padre contra o bode, no fim o padre catequizou o bode, isto é, Antonio Railton foi o eleito, que também governou Grossos durante seis anos, de 1983 a 1988. Na oitava eleição, houve uma diminuição de candidatos, foram três; Francisco das Chagas (Duquinha), Raimundo Pereira e Vertinho. Pelo fato de Duquinha ser filho de Raimundo Pereira, o povo apelidou esta campanha como o pinto e o galo respectivamente para os dois primeiros e para Vertinho, como ele era galego e havia uma música de forró de sucesso da época com o titulo de “galeguinho dos olhos a azuis”, não deu outra, o chamaram então, de galeguinho dos olhos azuis. Ao contrario dos outros apelidos, este era o que mais caia bem, pois Vertinho era, alias, é galego e de olhos azuis. O pinto usou seus esporões no galo, deu uma bicada no galeguinho e sagrou-se prefeito pela primeira vez, onde governou Grossos no período de 1989 a 1992.
Na nona eleição, tivemos a disputa mais uma vez entre três candidatos, Antonio Railton, João Dehon e Evilanildes, é importante lembrar aqui, que Evilanildes foi à primeira mulher a ser candidata a prefeita na história de Grossos, para os candidatos não deram apelidos, porém para a candidata, seus eleitores a chamaram de a rosa. Antonio Railton foi o vencedor e governou Grossos de 1993 a 1996. Na décima eleição, só houve dois candidatos, Duquinha e Emílio, aqui voltaram os apelidos, pelo fato de Duquinha e Emílio serem filhos de Raimundo Pereira, ou seja, irmãos, logo o povo apelidou essa eleição como o pinto contra o frango. Apesar de Duquinha ser apenas um pinto, não tomou conhecimento do frango, pois já tinha derrotado um galo e derrotar um frango seria ainda mais fácil, então, com uma pirueta estratégica, usou mais uma vez seus esporões, agora no frango, botando o mesmo pra correr e mais uma vez consagrando-se vencedor, governando Grossos de 1997 a 2000.
Na décima primeira eleição, o número de candidatos aumentou, agora foram quatro, João Dehon, Dehon Caenga, Caxica e Enilson. Nessa campanha os apelidos eram os vermelhos, amarelinhos e o bacurau respectivamente para os três primeiros, quanto a Enilson, alguns o chamavam de o empresário, era mais uma qualidade do que mesmo um apelido, mas no fim serviu como apelido. Apoiado pelos esporões do pinto, João Dehon, ou seja, os vermelhinhos terminaram como vitoriosos nessa campanha, governando nosso município de 2001 a 2004. Não custa lembrar que nesta gestão, outro prefeito também deixou seu nome, o vice de João, Valmir Firmino, devido a uma viagem do então prefeito a Alemanha, Valmir assumiu a prefeitura durante 15 dias, isto é, do 11/10 a 26/10/2001.
A décima segunda eleição, foi apenas entre dois candidatos, nesta, assim como nas demais, tinha algo especial, aqui, o curioso era que todos que acompanhavam essa eleição já sabiam que de um jeito ou de outro, João Dehon seria o prefeito, precisava-se apenas saber qual, pois de um lado, João Dehon da Silva (os vermelhinhos) e do outro, João Dehon Neto da Costa (os amarelinhos), esta campanha foi uma das mais acirrada da história de Grossos e no final, sagrou-se vencedor os amarelinhos, isto é, João Dehon Neto, mais conhecido por Dehon Caenga, este ganhou com aproximadamente 30 votos de maioria.
Passados quase seis meses depois de Dehon Caenga tomar posse, após retornar a noite de uma viagem a Natal, policiais que faziam blitz na estrada, confundiram seu veículo com um dos carros de possíveis ladrões de automóvel que afirmavam estarem à procura e dispararam vários e vários tiros, não dando um segundo se quer de defesa ao então prefeito, o que terminou com sua trágica morde alem do seu motorista. Portanto Dehon Caenga governou nosso município durante, aproximadamente, seis meses, de 01/01/2005 a 23/06/2005. Seu vice, Veronildes Caetano, assumiu de 24/06/2005 e foi o gestor até 31/12/2008.
A décima terceira eleição, ou seja, a ultima, Foi entre Veronilde Caetano e João Dehon da Silva, nesta os apelidos eram os vermelhinhos e azulzinhos, essa campanha também foi muito acirrada, onde a vitoria do primeiro – Veronilde – foi de 132 votos de maioria.
Portanto Veronilde Caetano é o atual prefeito.


Prof. Ronaldo Josino

sábado, 12 de dezembro de 2009

Ticaca



Há varias hipóteses sobre a origem desse nome dado ao bairro que tem como verdadeiro nome Boa Esperança, dentre essas hipóteses selecionei três mais prováveis.

1ª – HIPÓTESE – Antes de Grossos ser Grossos, ou seja, ainda era Ilha de Grossos - isso deva ter ocorrido antes de 1950 - nesta parte tinha um grande matagal de velames, onde as pessoas que aqui iam chegando, limpavam um espaço, faziam uma barraca e tomavam posse, nesta ”limpeza” encontravam cobras, camundongos, cassaco alem de lixos, assim, quando uma pessoa chegava na ponta da ilha – rua de cima – indicavam sempre a rua de baixo, chamando pelo nome de Ticaca, lugar onde tinha muito velame e lixo etc.

2ª – HIPOTESE – Essa hipótese esta baseada na grande quantidade de Gambá, que por aqui agente conhece como cassaco ou guaxelo, mas também pode ser chamado de guaxinim, jaguá-campeba, jaguarambé e ticaca. Este animal apesar de ser muito fedorento, dizem os mais velhos que tem um ótimo sabor quando temperado com muita pimenta do reino. Nessa região de muitos velames a medida que as pessoas iam desmatando, apareciam esses animais e todos gritavam:

- Pega a ticaca, pega a ticaca!

Assim, enquanto os homens limpavam o local, as mulheres preparavam a Ticaca. Após a limpeza, os homens continuavam a caça da ticaca.

Assim, quando chegava uma pessoa na rua de cima, os já residentes diziam: Lugar de retirante – pessoas que chegavam sem nenhum vínculo familiar – é lá pras bandas das Ticacas. Com o tempo, ficou somente o nome Ticaca.

3ª – HIPÓTESE – Uma ultima hipótese, que também pode ser verdadeira é a questão alimentar que essas pessoas quando chegava por aqui traziam, uma delas foi a culinária conhecida como Ticacá. Essa culinária trazida por alguns parentescos de índios, era preparada numa cuia, seus ingredientes eram: caldo da mandioca, camarão – que tinha de fartura – jambu (folhinha verde que tinha poderes anestésicos e faz a boca do cidadão tremer), além da massa da mandioca, sal e pimenta a gosto, segundo alguns moradores, era muito bom e forte. Com a chegada de novos moradores, a palavra foi sendo pronunciada sem o acento, logo ficou Ticaca.

Prof. Ronaldo Josino