domingo, 14 de fevereiro de 2010

Você sabia que trabalhar com sal já foi coisa de mulher?







Muito cedo quando saio para trabalhar, vejo passar caçambas e ônibus carregados de homens em direção às salinas, enquanto suas esposas ficam tomando conta de suas respectivas casas. Há duzentos e cinqüenta anos atrás por aqui o costume era outro. Eram as mulheres que saiam e os homens que ficavam em casa, porém na época a vida de salineira era muito difícil, por exemplo, enquanto hoje os homens carregam o sal em caçambas enchidas com máquinas movidas a diesel, as mulheres da época quebravam o sal com cacete de jucá, enchiam as latas de vinte litros usando cuias (artefato da cabaça) e carregavam no ombro até o paredão, onde de lá era transportado em balaios, como conseqüência, as mãos dessas mulheres sangravam e criavam feridas e com o manejo do sal, demoravam a se curar, em alguns casos, chegavam a perder unhas. Esse costume mudou com a intervenção de um homem chamado de Antonio do “caju”, que residia nas imediações do já instinto Durim – hoje é Corrego – Conta-se que este acabara de casar com Isadora da Costa e por amor e também compaixão a esposa, ele tomou o canto dela, com o pretexto de não saber cozinhar. O Toinho do caju, como era mais conhecido, foi o primeiro a trabalhar com sal, por ter mais força nos braços, Toinho quebrava e carregava mais sal que muitas mulheres, portanto ganhava mais dinheiro. Após muitas zombarias dos “amigos”, por acharem que esse trabalho era de mulher, alguns deles começaram a tomar o lugar de suas esposas, muitos tomaram por precisão, já que muitas mulheres ficavam sem poder trabalhar devidos os cortes nas mãos. Com o passar do tempo, essa profissão foi totalmente substituída por homens. Depois surgiram as pás e os carros de mãos, o que melhorou muito a vida destes homens.

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