terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Do Aristim a Prainha


Quem não conhece uma praia, o mar, a costa litorânea? Quem não conhece uma ilha, mesmo que seja por foto? Agora quem conhece uma prainha? Lógico que essa pergunta não vale para os nativos da nossa “Terrinha”. Pois é, se você procurar no Google por prainha vai perceber que todas são de mares, locais com extensões pequenas, 700 metros, 1000 metros, algumas mais ou menos atrativas, em fim, nenhuma é como a nossa, uma prainha e ao mesmo tempo um rio de água salgada. Entre as décadas de 80 e 90 esse era o principal lugar de passeio dos fins de tardes, casais vinham e iam por esses locais para conversarem, namorarem e tirarem fotos, local que na época se chamava Aristim. O nome Aristim deriva-se de uma porção do mangue de 100 metros de comprimento por 10 a 15 metros de largura – mais ou menos onde hoje ficam os bares de Luiz Carlos, Antonio Lucas e o Cavinho –, na época havia uma grande concentração de restos de búzios – carcaças de taiobas – onde volta e meia algumas pessoas tomavam banho, sem falar nos pescadores que após terminar a pesca, paravam aqui para lavarem a si e a seus mantimentos de pesca. No inicio tinham esse local no meio da lama como o único local arisco no mangue, arisco – segundo Miguel Erasmo Filho (Miguelzinho) – era por ser um areal cinza e inconfundível. Aos poucos, com o avanço das salinas esse local foi diminuindo, passou a ser chamado de arisquim, e consecutivamente, Aristim. Onde hoje fica os cercos (Evaporadores) – atrás dos bares da Prainha – nas décadas de 40, 50 e 60 eram os cristalizadores (baldes), segundo Antonio Lucas, o sal era colhido em balaios e depositado no aristim. Depois de Cavim havia dos portos, o porto de André e o porto de Antonio Lucas. Antes do bar “Frutos do Mar” – Luiz Carlos – ficava um rancho de madeira que servia para os trabalhadores descansarem. 
 Quem deu os primeiros passos para esse local se transformar no que é hoje, - mesmo sem propósito – foi o empresário Francisco Ferreira Souto Filho (Soutinho), que construiu uma estrada para as salinas beirando o mangue, a areia vermelha da estrada puxada pelas ondas do rio infiltrou-se no meio do manguezal e cobriu a lama das encostas do rio transformando em um tapete solido. Logo que as pessoas perceberam deixaram de procurar as praias de Barra e Pernambuquinho, até porque nessa época as pessoas iam – e viam – a pé para essas praias. A popularidade do Aristim foi imediata, em pouco tempo as pessoas nos finais de semana já tinham seu programa, se divertir no Aristim, alguns levavam panelas, faziam suas barracas improvisadas no meio do manguezal e pescavam lá mesmo seu tira-gosto, onde o cardápio variava desde o caranguejo a ostra, em alguns finais de semana, um lugar no Aristim chegava a ser disputado por seus freqüentadores. Em 1997, o então prefeito Francisco das Chagas de Oliveira (Duquinha), já no seu segundo mandato, viu ali uma ótima oportunidade de criar um local de turismo, reforçado pelos pedidos dos próprios nativos, Duquinha transformou o antigo Aristim em um lugar legítimo de banho. Na obra que durou aproximadamente três a quatro meses, Duquinha gastou o - com recursos próprios (Prefeitura) - equivalente a 110 mil reais, toda a obra foi realizada entre o final de 97 e inicio de 98. No audacioso projeto, foi construído o calçadão, quatro bares e a entrada  de mão dupla para a cidade. Na festa de Inauguração – em março de 98 – estimou-se mais 5 mil pessoas, com corridas de Barcos a vela e barquinhos artesanais, além do trio Óvni como atração principal. Até bem pouco tempo a Prainha ainda tinha seus bancos, onde muita gente ia para sentar e apreciar a paisagem do por do sol e as passagens das Alvarengas – embarcação de grande porte que transporta sal das salinas para o Porto Ilha – aos poucos esses bancos foram instintos pela maresia com uma “ajudazinha” de alguns vândalos. A prainha hoje é um lugar de agitação nos finais de semana, onde já se faz tradição o forró do Cavinho e o delicioso prato de baião de dois acompanhado de Ariacó ou Guarajuba do restaurante “Frutos do Mar” de Luiz Carlos. Na semana a Prainha serve para os meninos praticarem esporte e vez ou outra tomarem banho.
Antonio Lucas
Segundo o próprio ex-prefeito Duquinha, nos finais de semanas ele sempre contratava um trio que ficava tocando enquanto as pessoas tomavam banho ou praticavam algum esporte. Era costume a Prainha ser tomada por banhistas.
Tempos bons, bons tempos, tempos que precisam ser resgatados, aqui bem que se poderia fazer um grande ponto de turismo. Afinal nessas proximidades temos em um só local quatro pontos de turismo, a Prainha, o Moinho, as salinas e as balsas.
Se houver alguma nova informação pelos leitores que venha enriquecer essa pesquisa, terei o maior prazer de postar.
Entrevistados:
  • Francisco das Chagas de Oliveira
Miguel Erasmo (Miguelzinho)
  • Miguel Erasmo Filho
  • Antonio Defe Filho (Antonio Lucas)
Clique na foto para ampliar
Prainha (Hoje)







3 comentários:

  1. Concordo com o depoimento dos entrevistados, na verdade o aristin, era um ponto de descanço dos grossenses. A prainha, idealizada pelo então ex pefeito Duquinha, foi um marco fenomenal, entretanto internautas , as mudanças no tratamento do turismo ainda não aconteceu. As pessoas precisam estudar mais, se dedicarem mais, se organizarem mais.

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  2. Era ótimo quando pelo menos o reveillon de Grossos era comemorado na prainha, com bandas até o dia 1º de janeiro, mais nem isso temos mais, imagine ter trio e bandas aos domingos! Aff vendo essas fotos me bateu até um saudade desses tempos bons já passados!

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  3. Vale lembrar também que o mesmo projeto foi feito também na comunidade de Pernambuquinho, onde foram construídos os bares e pavimentado com paralelepípedos, direito a inauguração e tudo, local esse que era o ponto de partida do já não tão tradicional arrastão que ia ate a prainha de Grossos. Pena que hoje já degradado principalmente pelas forças da natureza, mas que graças a Deus nossa prainha esta resistindo, só não sabemos ate quando agüentará sem manutenção.

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